Por Miguel Lopes
Trinta anos, isso mesmo, três décadas serão comemoradas neste ano por um dos mais autênticos bares com sotaque alemão da cidade de São Paulo.
Localizado no Brooklin, a história do Zur Alten Mühle se confunde com a do próprio bairro, assistiu sua transformação, de área com vocação industrial para um aglomerado de condomínios residenciais, lá se instalou, permanece e certamente continuará por longa data, para a felicidade não só da numerosa comunidade alemã que se concentra na região, mas também para os paulistanos que valorizam a boa acolhida e o atendimento amigável que nos faz sentir em casa.
E pensar que poderíamos não ter sido premiados com esse verdadeiro marco alemão, uma vez que a vinda ao Brasil do senhor Wilhelm, idealizador do Zur, e dos primos que o acompanhavam era passageira, apenas com a intenção de visitar um tio e prosseguir viagem para Argentina. Quis o destino que o grupo, talvez por sugestão do parente já radicado por aqui, talvez por paixão despertada pelo clima brasileiro, resolveu fixar raízes em solo paulista e abrir estabelecimentos em três diferentes segmentos comerciais, incluindo uma marcenaria na cidade de Embu das Artes.
Como no Embu a criação de móveis prosperava, o senhor Wilhelm costumava agrupar lá nos finais de semana os amigos da terra natal para matar as saudades e praticar a língua mãe. As conversas ficavam mais aquecidas quando era servida uma bebida que ele havia aprendido a preparar, chamada “caeperrinha”. Esse hábito foi atraindo um número crescente de imigrantes alemães, fato que originou a idéia de montar um bar para reunir a turma. Naturalmente que o local selecionado foi o Brooklin, bairro onde se concentrava a maior comunidade germânica da cidade de São Paulo.
Pois é, tanta longevidade e fiel clientela não ocorrem ao acaso, o Zur Alten Mühle, hoje, administrado pela segunda geração da família, além de manter a decoração original da casa, constituída por madeira de lei trazida de Minas Gerais e do sul brasileiro, continua oferecendo um atendimento de qualidade e, é claro, o serviço do chopp dentro dos princípios que rezam a tradição alemã.
Lá os barris são guardados em câmara fria, onde são mantidos por 24 horas, no mínimo, antes de serem conectados à chopeira composta por duas torneiras, uma só para o líquido levemente dourado (sem pressão) e a outra para formar o creme em pressão controlada, um pouco abaixo da normalmente praticada, técnica que confere leveza ao chopp que chega à mesa numa temperatura entre 3 e 5 graus, podendo ser escoltado por “snapps” de boa qualidade e procedência, entre alemães e nacionais, sem esquecer das boas cachaças que a casa oferece, simplesmente uma delícia.
Com tudo isso, se faz necessário e obrigatório pensar em alguma coisa, uma iguaria, um tempero para dar sustento ao corpo, já que a mente está bem cuidada. Nesse quesito outro diferencial do Zur Alten Mühle é a cozinha típica alemã, com pratos e porções preparados com esmero e muito capricho. Imperdíveis, o joelho de porco grelhado e o bolinho de carne crocante são acompanhamentos de excelência, como se diz na gíria, de tirar o chapéu. Opções mais leves mas não menos interessantes são os canapés, com destaque para os preparados com roast beef ou beef tartar.
Nesse ambiente aconchegante, tratamento cordial tocado por uma equipe de pelo menos dezoito anos de bons serviços, chopp de primeira e excelente comida, fica difícil ir embora. Prost!
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